Muita gente aposta que a ditadura da magreza está com dias contados. Eu não acho que seja assim, mesmo porque a magreza nas modelos de passarela, por exemplo, é ideal para o trabalho delas, para entrarem nas roupas, para a apresentação da moda na prática, mostrando o efeito dos tecidos, dando movimento à roupa. A modelo vende a moda para o público, e o público tem de entender que, num desfile, é a roupa que deve chamar a atenção, nunca o biótipo das manequins. Mas, antes de decidir entrar nessa profissão, a modelo de passarela tem de ter naturalmente esse tipo de corpo, ou ela não terá trabalho. Muitas são as grifes que trabalham com números diferentes, uns servem e outros não, e a modelo de passarela tem de estar pronta para o trabalho, então há uma media exigida pelos profissionais especializados no preparo das modelos, com relação às medidas físicas ideais para o trabalho. Mas tudo com saúde. Ela não agüentaria o pique dos desfiles se tivesse de submeter-se a dietas mirabolantes. Tudo tem um limite e com relação às clientes, nas entrelinhas, não é a cliente que deve entrar na roupa, mas sim, a roupa deve entra na cliente. Claro que apoio ir num médico, ver como está a questão do peso e entrar na sua medida certa, mas nada de exagero senão vira um descontrole e você pára de viver, tudo em função de uma moda que por não ter mais o que inventar, vive mudando o tempo todo de um extremo para o outro na busca desenfreada por surpreender, causar impacto.
Há algum tempo algumas grifes apresentam o ‘número zero’, que corresponde ao ‘34’. Quando conheci fiquei impressionado, porque é praticamente uma peça infantil. Não há nada de errado se a pessoa tem naturalmente esse tipo de corpo, mas é medonho imaginar que entrar no número zero se transforme num objetivo de vida, baseado em regimes e numa mentalidade ‘fashion-victim’ de muito mau-gosto numa atualidade inteligente. Para completar o embalo, há ainda dois números menores que o zero. Muitos consideram elegante a pessoa magra, mas é importante dizer que a elegância não é uma questão de estar ou deixar de estar. A pessoa ‘É’ elegante ou não. A elegância é questão de temperamento. Claro que com esforço e perseverança qualquer pessoa aprende, mas nunca a roupa usada terá essa função principal. Uma mulher elegante, ela expressa elegância usando alta costura ou trapos. Uma roupa pode cair bem numa pessoa magra, mas elegância é outra coisa. Voltando à questão do biótipo, mesmo a pessoa gorda, com os infinitos recursos da moda, pode usar vários modelos de roupa com a mesma perfeição e esses recursos não são exclusividades para pessoas gordas, é para todo mundo porque a moda tem a obrigação de se adequar à cliente: detalhe no decote que distrai a atenção do volume no abdome, cortes retos que ajudam, e para quem tem 'muito' seio um decote em V que diminui, ou decote fechado para aumentar seio, enfim, são milhares de recursos. Então, essa idéia de emagrecer porque no desfile a modelo está magra, isso não pode. “Esse vestido fica bem nela, mas não em mim”, dizem muitas mulheres. Por isso você vai fazer regime, cirurgias plásticas, tudo para entrar num vestido? Eu acho que a vida é muito curta para ser entregue nas mãos de modismos que vêm e vão com uma velocidade tão grande que no final das contas o que vale mesmo é perceber que a moda não existe para ditar regras: você cria o seu estilo através da moda e não a moda que cria você.
Por Jamill, para:
Casa Magrella – Brasília
Personal Stylist – São Paulo
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