O Mundo da Fantasia Carnavalesca


Há muito tempo que eu queria publicar essa fotografia de fantasias da época em que o carnaval era comemorado com alegria, criatividade e muita arte. Esses tempos acabaram, mas vale o registro. Fantasia "Sua Majestade a Imprensa" (Nice Abdallah), no meio "A Dama das Ilusões" (Yara Stein) - feita com bilhetes de loteria. E "Moulin Rouge Apresenta Sua Estrela" (Ana Maria Soeiro) - uma porquinha no cancã. Para complementar a atmosfera do carnaval que deveria permanecer, há um questionário que respondi para um novo amigo.

1º Para você o que é o Carnaval?
Depende muito do país onde eu estiver. No Brasil, o carnaval está cada vez mais banalizado e não alcancei a primeira época de bonitos e elegantes bailes onde se fazia desfile de fantasias do Clóvis Bornay, que cheguei a conhecer pessoalmente em 2003, 2 anos antes de sua morte. No Brasil, pouca gente sabe que algumas fantasias do Bornay estão apresentadas em institutos de moda na França, África – tamanha a qualidade e criatividade. Mas nessa época o carnaval era isso: fantasia, diversão, alegria. O significado do carnaval sempre foi ‘liberdade’ de brincar, diversão, antes da quaresma. Até hoje na Europa existem desfiles de rua, pessoas mascaradas e com fantasias muito bonitas. No Brasil, a liberdade no carnaval está tão banalizada que virou nudismo. Sem falar que em qualquer lugar do mundo que se vá, o carnaval brasileiro é encarado como um desperdício: milhares de dólares gastos, ao passo que o país tem assuntos mais urgentes. E isso se repete em copa do mundo, carnavais fora de época, tudo no Brasil é movido pelo deslumbramento e tolerância. Eu penso que carnaval no Brasil, hoje, é nudismo. 
2º Quando a palavra "Carnaval" é pronunciada, quais imagens lhe vem a mente?Logo passa pela cabeça a imagem do Clóvis Bornay mostrando as fantasias dele com os paetês, milhares deles, afixados individual e artesanalmente no traje.
 3º Onde você costuma passar o Carnaval?Passo longe de carnaval, já vi duas vezes mas nunca mais voltei. Passo carnaval em casa, dando continuidade a tudo que preenche meu dia-a-dia. Uma data como tantas outras. 
4º Na época do Carnaval você costuma enfeitar sua casa?Minha casa só é enfeitada para Natal e aniversários. A não ser que alguém faça aniversário durante o carnaval, o que renderia um bom tema, mas o ritmo certamente seria diferente do que hoje é o carnaval em si. 
5º Você costuma se caracterizar no Carnaval?Quando era criança sim, porque meus pais me incentivavam participar de atividades em grupo de outras crianças na mesma idade; isso é muito importante na infância. Eu me vestia dos personagens da época, tirava fotografias, brincávamos e era isso. Matinês que eram quase um Halloween: doces e fantasias. 
6º Como você se diverte no Carnaval?Diversão no carnaval, só mesmo aderindo à onda: se for para Salvador é correr atrás de trio elétrico ou ficar num camarote vendo o trio passar. Eu prefiro a tranqüilidade de ficar em casa. 
7º Como você relaciona o sexo e o carnaval?Com a bebida desenfreada, música, o nudismo de hoje e a idéia banalizada de liberdade, o sexo está totalmente ligado ao carnaval. Mesmo que muita gente diga que não, está sim. 
8º Como você ver a questão da violência no Carnaval?Eu penso que o que menos interessa na violência é que afete exclusivamente o carnaval, porque a violência afeta tudo. O que importa é a segurança que o povo tem de ter, nós somos todos iguais e precisamos de segurança para acabar com o risco de andar sem blindagem e levar uma bala perdida, no comércio das ruas bombas que jogam, o carnaval só passa por dentro dessa ciranda de fogo que independente de qualquer data comemorativa continua igual.
 9º As práticas religiosas no Carnaval são evidentes? Como você ver os movimentos religiosos durante o período carnavalesco?Eu vejo como a preparação para a Quaresma e faço o que tenho de fazer como católico que sou: jejum, reflexão, caridade e orações. Muitas religiões como a igreja Anglicana e algumas protestantes fazem o mesmo. E mesmo que a pessoa não faça tudo de forma disciplinada, deve fazer o mínimo, em respeito à morte e a ressurreição de Jesus. Obviamente há várias religiões que não vêem o período como sagrado, mas aí já é outra história que envolve cultura e outras bases que precisam ser respeitadas, assim como deve haver respeito aos que estendem os festejos do carnaval além da quarta-feira de cinzas. Cada um tem seus motivos.

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