Moda - O Café Requentado de Galliano | Os 60 anos da Dior

A comemoração dos 60 anos da Dior e dos 10 anos da 'criação' de John Galliano para a grife, segunda-feira 02/07/2007, na Orangerie do Palácio de Versailles, aconteceu em clima de fantasia e luxo fabricados. O grupo LVMH, que comanda a grife, se esforçou. Mas, apesar das caras e bocas do John Galliano, posando para as fotos e envergando seu estilo chamativo em fantasia de toureiro dourado e azul, nada do que foi usado pelas modelos foi verdadeiramente uma novidade. O toque contemporâneo ficou mesmo por conta das maquiagens - e olhe lá (!). A não ser que o espectador seja novato, é impossível não comparar detalhes gritantes do que foi apresentado com o que já veio antes - muito antes - sob outras assinaturas. Na platéia, dentre outros convidados e com olhar atento, estava o chique Pierre Cardin. Tudo bem, nem seria nada demais se muito de tudo relembrasse unicamente a Dior, a 'identidade' Dior, porque o evento foi para isso. Mas, a comemoração fez um aparente circuito por outras maisons. Olhando, de cara você aponta como uma criação 'desse' ou 'daquele', a 'identidade Dior' se misturou. No meu primeiro contato com a alta costura, ainda adolescente, lembro-me perfeitamente de uma coleção assinada por Christian Lacroix que certamente foi 'a base' para o vestido usado pela Linda Evangelista. Na verdade, esse evento da Dior foi um balaio de criações já feitas por outros costureiros e copiadas por várias maisons com o passar dos anos. Gisele Bündchen, linda como sempre, incorporou um 'ar' de Ava Gardner num preto que mais parecia um Yves Saint Laurent - a base é o Tailleur Bar que Christian Dior fez, com mudança nas medidas do saiote, desta vez no estilo lápis. A propósito, a inspiração para os 45 modelos desfilados foi uma 'viagem' pelas artes: Rembrandt, Monet, Picasso, Velázquez, Goya, Boldini, Sargent e Renoir. Para quem não sabe, até a inspiração temática é uma das principais características de Yves Saint Laurent, que sempre inspirou-se nas pinturas para compor suas criações. O vestido apresentado por Naomi Campbel lembra, e muito, uma criação de Karl Lagerfeld no fim dos anos 80 para Chanel. Sem falar em muita coisa que 'veio' de Givenchy, Ungaro. É fato que a Dior, liderada por um grupo poderoso, fez um evento luxuoso, mas foi tudo um grande desenho em papel carbono. Essa 'receita', de reviver a moda, também 'visitou' o desfile da Chanel, na terça-feira, com muitos cetins, plumas e paetês, mas isso já é outra história. A alta costura mudou muito nos últimos anos, a economia mudou e as compradoras diminuiram muito. Porém, com exceção da nova-rica, que é a parte deslumbrada e fantasiosa da clientela, a outra parte tem a mulher que vem de um grupo que sempre consumiu alta costura. E aprendeu com a mãe, com a avó. Então, talvez o Galliano esteja testando uma 'mudança' com base no passado, com finalidade de agradar gregos e troianos. Só ele sabe. Afinal, para a LVMH, o que importa é vender muito. Mas, de novidade... nada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá querido, muito boa suas palavras no seu Post, mas não tenho argumentos para fazer um comentário a nivel sobre ele.
está tudo certo? ah, me surpreendi ao ver uma reportagem, dizendo que 80% da população de Recife já teve Dengue. que coisa né..
tenho atualizado meu blog sempre que posso. espero que esteja tudo bem, grande abraço..
wesley

Knowthecrowdneverbelong disse...

Por ordens médicas tenho que ficar uma semana longe do computador, ( fiz a primeira cirurgia na quinta passada- terrível Jamill, rs!!)mas sou teimosa, em se tratando de um desfile como este! Em que Linda estava maravilhosa!!! Eu queria muito escrever sobre minhas impressões, mas você, como sempre, muito competente, já fez por mim... E muito melhor.
A diferença é que não sou tão realista, ainda me deslumbro, rs...

Ps: Gisele não estava bonita!! parecia uma Drag!

Saudades, Elaine P.