
A primeira vez que vi desfile do
Valentino Garavani, a
Nadja Auermann desfilava um vermelhão cheio de babados, pensei: “ele faz a mulher sexy”. Para vestir um Valentino com a competência sonhada pelo criador, a mulher precisa ter
allure,
finesse,
aplomb e
glamour. Mas, agora, com a publicação da aposentadoria, Valentino que está habituado aos aplausos
saison após
saison, cansou-se dessa repetição de um velho filme – mas de muito bom gosto. Num mundo em que a alta moda, a verdadeira, regida por costureiros que desde sempre respiraram o mais puro e delicado ar de perfeição, conforto e luxo, preferiu ficar na gaveta, esperando cessar a bagunça de exageros e deslumbramentos dessa nova alta moda. Não é um bom momento para a moda. A legítima alta costura era uma coisa tão luxuosa, que só por saber o que você usava de roupa, automaticamente já se imaginava sua personalidade, temperamento. Havia a mulher
YSL, a mulher
Valentino, a
Givenchy, enfim... Essa escolha era feita de acordo com a inspiração e preferências dos estilistas e da criatividade deles na incorporação dos recursos da moda em suas criações artísticas – porque alta costura era arte. Então, a mulher baixinha que se incomodava por ser baixinha, ela recebia decotes em V (que alongam o pescoço), acessórios menores para causar efeito visual favorável. A mulher que tinha pouco seio era coberta por criações sem decote (visualmente aumenta o busto). Era uma profusão de recursos, soluções para cada tipo (físico e personalidade) de mulher - de homem também, em outra linha. Tudo isso junto formava a alta costura, a roupa sob medida, exclusiva, inimitável. Na moda de hoje há uma mistura de tudo, os recursos não são mais usados nem explicados corretamente. Nasceram as
fashion-victims. E então, as pessoas mais apressadas (o mundo exige pressa) preferem o bisturi. Param de comer. Adoecem. A beleza na moda transformou-se numa 'ditadura', num sistema baseado em seguir não mais a roupa, que era feita de acordo com as preferências e necessidades, mas pela obsessão de querer ser exatamente idêntica à modelo de passarela. Afinal, só assim, e teoricamente, tudo o que é mostrado ficaria bem. O resultado poucas vezes agrada a personagem dessa ilusão; na maioria das vezes as
fashion-victims mergulham em crises depressivas e acabam tristes, artificiais... Sem volta. Eu espero que essa fase da moda acabe passando, assim como passou o Século XVIII com aquelas perucas com mais de 5 metros que era preciso haver empregado (vários, se precisasse) para equilibrar, com grandes garfos, essas gigantes perucas nas cabeças mais ricas e nobres da França. Ou, mais tarde (anos 70) e num tom terrivelmente cafona, quando apareceu a moda do gel com gliter, do vinil verde-limão. Eu realmente espero que a moda de hoje passe. Estou muito triste com o aviso da aposentadoria do Valentino, mas sinto-me honrado por viver no Terceiro Mundo e mesmo assim ter tido tempo e oportunidade para vestir sua grife, mesmo prêt-à-porter, conhecer sua moda. Então, sempre que eu quero fazer charme e não passar despercebido - Como se, no Brasil, uma pessoa de 1,90m pudesse esconder seu caminho – trato de envergar um Valentino bem bonito. Afinal, o que é forte e de qualidade, é eterno. Agora... Quem vai ficar para apagar a luz?
Um comentário:
aprecio as dicas que deu sobre mulheres baixinhas lol vai acrescentar no meu trabalho =)
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