Alta Costura - A 'Época Luxo' de Dener Pamplona de Abreu na Moda

Depois que Dener Pamplona de Abreu vulcanizou a criação de moda no Brasil, o lógico seria que infinitas publicações apresentassem sua moda, seus tecidos prediletos, relatos de clientes sobre cada detalhe: atendimento no ateliê, as provas, imagens dos vestidos e desfiles, a sensação do Dener em cada apresentação... Mas, não há nenhum material publicado que verdadeiramente apresente a moda desse grande nome fashion. Deveríamos, nós que consumimos moda, escrevemos sobre moda, estudamos moda e gostamos de moda, realizar algumas tarefas sobre a moda-arte feita pelo Dener, publicar livros sobre suas coleções, fazer filme, criar um material técnico que nos possibilitasse a exploração de tudo que ele fez profissionalmente. Talvez haja falsa impressão de que sua moda era aparentemente simples e por isso teria ficado em segundo plano, precedida pela imagem do personagem. Mas, sua moda era muito inteligente, especial e representa nosso sistema inicial nesse ramo de criação com arte. Tecidos dobrados, enviesados, cores absolutamente 'cafonas' que ganharam uma leveza visual e técnica de sofisticação nas mãos do Dener – uma bagagem indispensável para manter vivos os espíritos mais criativos e aspirantes por espaço na moda brasileira e em contato com essa base toda deixada por esse grande nome da moda. Isso tem de continuar de algum jeito e, certamente, o próprio costureiro sonhava em deixar mesmo uma série de ensinamentos, mantendo viva não apenas sua memória, mas seus feitos em moda – sua linha.
Numa época mais autêntica em tudo e de menos consciência do marketing - tão importante hoje para tudo -, Dener, sempre vanguardista, não podia ignorar a questão de definir uma silhueta feminina que representaria sua grife numa espécie de outdoor social. Nada mais natural que essa mulher fosse a primeira-dama do Brasil, Maria Teresa Goulart, que mais tarde tornou-se sua amiga íntima e até usou um Dener quando foi capa da Paris Match – quando teve todo o bafafá da comparação com a Jacqueline Kennedy. Assim, como reconstruiu a imagem da primeira-dama e alavancou seu nome ao topo, uma marca desejada pelas mulheres mais elegantes da época, Dener imprimia sua criatividade em criações compostas por misturas corajosas de cores, fazendo com que um vestido aparentemente simples ficasse visualmente volumoso e opulento. Isso apaixonava as mulheres de maior bom gosto que você possa imaginar. O talento movia a técnica que fora apurada depois da experiência de trabalhar com a chique Maria Augusta Dias Teixeira, que lhe possibilitava desmanchar o prêt-à-porter francês e re-estilizar à sua própria moda. Suas noivas eram tão corretas, sem decotes longos nem fendas, que vestiam as mais elegantes e badaladas da época, como a cantora Elis Regina. Tudo isso acontecia no auge dos tempos dourados, quando a alta sociedade era realmente muito popular, essas mulheres tão ricas e elegantes tinham mesmo status de celebridades, e saíam em todas as capas de revistas importantes. A marca Dener sempre estava no topo e nos armários mais chiques. Seu 'vôo' foi curto, mas ocorreu com o mínimo de dificuldades possíveis; alimentando um personagem que sempre exalou glamour, Dener foi mesmo uma pessoa de muita sorte e de forma natural foi conhecendo pessoas que lhe apoiaram na escalada ao sucesso. Quando essa fase terminou, ele certamente percebeu que estaria cansado de tudo. A moda Dener foi extremamente movimentada e deixou um forte registro através de vestidos de época que têm um conceito artístico muito forte e pouco mostrado. Obviamente que hoje em dia muitos estilistas colocam sua impressão particular de criatividade, arte, nas criações, mas estamos falando de quem começou tudo isso por aqui e que apesar dos anos que se passaram, mantém vivos a sua moda e o seu caminho pela moda. Para enaltecer a sensação atemporal da moda Dener, a top model Raica de Oliveira envergou vestidos do costureiro, revivendo todo esse mágico glamour na edição de setembro de 2007 da revista Joyce Pascowitch.

Usando um luxuoso vestido preto com gola chinesa de medidas absolutamente perfeitas ao corpo e com abotoamento na frente, a modelo apresenta um look perfeito para ocasiões formais, incluindo casamentos noturnos. O segundo modelo com estampas rosadas e azuis em fundo branco, Raica está pronta para sair de casa a bordo de uma Rolls Royce e jantar fora numa noite mais que especial. Posando com as mãos na cintura, a modelo revela o caimento perfeito do modelo 'telha', abotoado na frente, com efeito semelhante ao modelo preto visto no sofá diante do retrato de Dener. Para fechar o ensaio, mistura de branco e preto atemporal em patchwork, ideal para ser usado quando o homem vestir terno completo. Raica revela nessa série de fotos, além do talento do costureiro, a sensação da mulher que vestia Dener: sentir o tecido e o peso da marca deslizar pelo corpo, cobrindo de uma exclusividade admirável a moda da época. Em todo o mundo, milhões de pessoas buscavam essa sensação vinda das passarelas de Paris e no Brasil tínhamos um representante à altura em imagem, em criatividade, em ousadia. Então, a cliente Dener tinha dentro de si a sensação de calma e confiança em tudo que ele desenvolvia para seu corpo, para sua apresentação social, para sua auto-estima e seu mundo de conto de fadas. É diante desse mergulho numa moda-arte tão bonita que a gente vislumbra, hoje, o Dener apresentando esses vestidos em passarela e uma ópera de abafar convidando as mulheres à sensação de uma sofisticação que infelizmente passou.


Fotografias: Dener fazendo charme, envergando acetinado branco; com seus gatos e seus vestidos em foto de Otto Stupakoff; Maria Teresa Goulart usando vestido Dener; duas noivas de 1960 criadas por Dener - a primeira, à esquerda, inspirada nas "sinhazinhas do Brasil colônia", com bordados formando margaridas e véu em organdi, recoberto por mousseline de nylon, a segunda noiva, clássica, tem laço inglês e longo véu em tule até o chão formando duas "asas", preso apenas por uma rosa branca e ramalhete de mouguet; Raica de Oliveira vestindo Dener do acervo de José Gayegos que também cedeu sua casa, que pertenceu ao Dener, para editorial de moda da revista de Joyce Pascowitch. Três fotos de quando o casal, Dener e Maria Stella (Splendore), recebeu o bilionário Gunther Sachs, acompanhado pela modelo Mirja Larsen, em 1968 - também nas fotos os Matarazzo. [Arquivo pessoal, 'Dener o Luxo' e Ovadia Saadia.]

2 comentários:

Anônimo disse...

voce teria como da uma chance pra uma jovem aprendiz que ja nascel estilista esta no meu dna quero aprender +i+ orkuti e marie_wendy7@hotmail.com eli marie

Anônimo disse...

Adorei a matéria, mto mesmo.
Um Luxo!