Moda – Dos Excessos ao Lucro


Bom dia. Hoje o assunto é muito sério e tem movimentado muitas opiniões. Eu, obviamente, não poderia deixar de dizer o que penso em meio aos pedidos de mais informações e de minha opinião. Às vésperas da semana de moda de Paris – moda banal mesmo, prêt-à-porter –, John Galliano foi afastado da Dior por agredir judeus. Pelo que li, o Galliano estava alcoolizado, e eu acho que beber é um horror. Para mim, que sempre tive o privilégio de ter tempo e acesso à moda, inclusive sem pressa de análise, acho que Galliano e a Dior já vinham amargando uma falta de sintonia qualquer, envolvendo excessos e falta de retorno financeiro. Não é à toa que as mais experientes pessoas reconheceram uma mudança nos desfiles, nas coleções. Ficou claro que puxaram a orelha do Galliano e a Dior impediu os shows de antes, quando os seus desfiles luxuosamente teatrais, conduzindo manequins sobre sapatos tão altos em roupas tão gigantes que faziam as mais experientes clientes tremerem de emoção, enquanto o preço disparava e as vendas, restritíssimas, reduziam os lucros – pois nem toda mulher arriscaria vestir coisas tão extravagantes e trabalhosas –, claro que os desfiles paparicavam as mulheres mais ricas do mundo, pois é para isso que existe a alta costura, mas, não tinha retorno financeiro; e depois os desfiles mudaram. Ninguém aqui quer ser pobre. Pobreza é cafona. Todo mundo quer uma jóia de verdade, coisa de valor igual duma casa ou bairro, isso é o mínimo para quem convive no ápice do luxo mundano de uma sociedade repleta de cultura e beleza. Um homem não merece casar com uma mulher se ele não é capaz de dar pra ela um anel do preço de uma casa. Quem é a boba que vai casar para não melhorar de padrão? Claro que antes disso tem o amor, que não precisa ser comprado, é conquistado com verdade e honestidade. Mas, quanto às jóias... Não é chique ganhar uma jóia qualquer, chique é ganhar uma jóia Harry Winston. As pessoas têm noção da qualidade – eu estou falando de alta sociedade mesmo. Galliano representou bem o alto poder de extravagância e economia dessas clientes tão sofisticadas, com coleções que marcaram sua fama e fizeram pessoas como eu ficarem surpresas com o alto grau artístico. É verdade que ele errou muito, mas depois deu umas acertadas e, às vezes, uma única peça valia pelo show todo. Isso já é muito para uma pessoa tão exigente quanto eu. A gente tem de ter otimismo. Uhlala! Eis que do nada as vendas precisam interessar mais do que o glamour restrito aos riquíssimos que sentam na primeira fila. Daí, você e eu, vemos juntos ao vídeo que ilustra este texto e prova que no desespero pelo lucro, a repetição de uma moda dos anos 40, por mais tecnológicos que sejam os tecidos, maquiagem e caminhar das manequins, ser suspenso da Dior não fará muita diferença hoje, pelo menos criativa.

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