Alta Costura – O Luxo Copiado, Identificado e Valioso.


Casaco Alta Costura Givenchy, 1952: o luxo imutável. [Arquivo Pessoal]

Enquanto a moda masculina tem sido sutilmente mudada, oferecendo jaquetas ajustadas, gravatas mais finas, tudo em tecidos muito tecnológicos, caros e chiques, a alta costura, também com seus tecidos e metais nobres, esteticamente mantém o ar de fantasia que transforma a silhueta, a partir de uma interpretação que reduz as linhas clássicas e revela, como esse casaco da foto, da alta costura Hubert de Givenchy dos anos 50, uma peça realmente atemporal, facilmente identificada em desfiles atuais e que torna-se valorizado pelo gestual, o charme e a feminilidade da cliente. Portanto, mesmo quando um desfile mostra um grande casaco, embalado pelo remix de uma ópera em Paris, com maquiagens exageradamente teatrais e saltos de picos, é possível que tenhamos a sensibilidade perceptiva sobre como essa peça foi "idealizada", desnudando-a do show. Se o espectador desavisado imagina tratar-se de um novo episódio na moda, as coleções que apresentam grandes casacos como esse, de lã marinho forrado com seda rosa, exemplificam de forma direta que a moda atual não apenas estuda grandes peças já feitas, como as copia de forma descarada. Obviamente que alguns costureiros conseguem dar à moda uma identidade pessoal, como é o caso das roupas feitas por Cristóbal Balenciaga, que podem ser vistas como base de muitas peças desfiladas por Dior, por exemplo, ou o brasileiro Lino Villaventura, que consegue ser identificado até pelo menos treinado dos olhares para a moda. A partir daí, devemos ser mais exigentes com o que usamos, compramos e indicamos; é preciso que saibamos identificar talentos criativos e, assim, possamos compreender que em meio às ofertas que se amontoam no mercado de luxo e de alto luxo, há quem está preparado para ver, tocar e escolher o que realmente significa qualidade. Então, quando eu digo que o vintage é um luxo de abafar, é isso que é.

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