Jamill Barbosa Ferreira - @JAMILLISSIMO -
Há 10 anos, a alta costura Dior mostrou
assombrosas Anubis com gigantescos vestidos dourados, bolsas e jóias,
tudo bem incrementado numa viagem ao Antigo Egito. As mulheres mais
elegantes do mundo ainda iam aos desfiles com algum entusiasmo e
gastavam uma nota nas produções. Esse foi um dos desfiles de moda mais
impressionantes de 2000 até hoje e olha que a inspiração já é bem
batida… As músicas nas apresentações da moda criada por Galliano eram
basicamente bregas, mas, funcionava. Assim como também funcionava a
maquiagem pesada, e a desculpa do “teatro” e tal. A chegada de Raf
Simons na Dior foi terrível; a forma como John Galliano foi chutado para
fora, por uma infeliz declaração embebida em álcool, marcou a estada de
Simons de forma que a presença de Galliano é notada a cada coleção -
seja em nível tecnicamente comparativo ou puramente saudosista. A Dior
não conseguirá livrar-se dessa marca e Simons está ferrado,
literalmente, com o J.G., bem grande, na testa! As coleções de Raf
Simons para a alta costura são tão bobas que você imagina estar vendo
prêt-à-porter novaiorquino de qualidade e não alta costura. Moda é como
culinária, você pode repetir muitas vezes uma única receita, mudando a
apresentação, uma ou outra erva, uma fruta… A coisa pode continuar
chique, mas, é batida, como o tema do Egito de 10 anos atrás, que
Galliano acertou nas mudanças de tempero e apresentação. A coisa também
pode ficar bem insossa, se bem que nunca esteve mais na moda a ausência
de sal e de açúcar nas dietas mais bacanas do pedaço. Quanta misturada!
Então, por pior que seja, a cada desfile, a Dior estilizada por Simons
está bem alinhada dentro da arte que é exigida em cada peça de alta
costura. Precisamos entender a moda de Simons apenas como um
prêt-à-porter chique, mas, trazido para a alta costura, com elementos de
luxo: a arte dos bordados e detalhes. Então você me pergunta: “Mas,
isso não é suficiente para a moda?” Sim, para a moda, não para a alta
costura. Eu separo alta costura de moda de mundo, pois, a maioria dos
humanos vivem numa realidade muito diferente da clientela de alta
costura desde que essa técnica é feita. O que nos atrai na alta costura é
a expressão artística, única, que cada roupa tem. Apesar da arte dos
bordados, o resultado visual, causado pela base usada por Simons não tem
nada de exclusivo. E esqueçamos o que Karl Lagerfeld disse sobre a alta
costura “não tem nada a ver com arte”. Assim como Galliano, Lagerfeld
também tem suas infelizes “declarações”. Claro que alta costura tem a
ver com arte, senão eu não me interessaria, ou, sendo mais direto, a
própria família dona da Chanel não teria comprado todas as casas de
bordados famosas de Paris. Mas… Voltando a falar da Dior, os executivos
que levaram Simons para a casa de moda devem ser terrivelmente
ignorantes em moda ou muito orgulhosos, só isso explicaria a flutuação
diante do resultado visualmente chique, sim, mas, desinteressante,
enquanto a pose de que “está tudo jóia” se mantém. Algumas coisas devem
ser admitidas: Raf Simons na Dior está destruindo a marca. Claro que
deve haver muito orgulho, mas, também, muita burrice da casa, que
poderia ter convidado Christian Lacroix para o cargo. O que as chiques
Carmen Mayrink Veiga, Suzy Menkes e Valerie Steele dirão sobre esse novo
ritmo da alta costura cada vez mais aliada a elementos modernos como
tecidos tecnológicos e minimalismo visual? Vamos aguardar.
Alta Costura - Raf Simons e Dior 2014
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