Jamill Barbosa Ferreira - @JAMILLISSIMO -
Dê uma olhada nessas 5 fotografias de moda. Mas, por favor, não tenha
pressa… Não se assuste. Longe de ser uma preocupação, é ótima a
constatação de que cada uma dessas fotografias poderia ter saído de um
editorial de moda atual. Porém, pasme(!), são de 20 e 50 anos atrás!! O
passado e a história são colaboradores essenciais para tudo, e isso deve
ser rigorosamente respeitado. Há tantos livros explicando, repetida e
exaustivamente, como estilistas, costureiros e criadores
“revolucionaram” as convenções da imagem, da roupa e blá, blá, blá… Esse
mesmo teatro da moda vestindo as cores da caricatura, da fantasia, que
tem tudo menos sinceridade no que gera novos personagens, editoras de
moda visualmente histéricas, consumidores obcecados em filas por uma
bolsa, manequins desajustadas. Esperanças confusas, olhares perdidos,
ingênuos, mascarados por uma falsa pose de entendimento, enquanto o que
realmente interessa é mantido escondido no tempo. Não há nada de errado
em ter muita consciência das coisas e os anos 1960, por exemplo, não
estão nos agredindo. Eu gosto do passado, sem ele não haveria os
magníficos quadros de Van Gogh; e até os mais moderninhos precisam
respeitar o passado, com seus abstratos radicais dos anos 50. A verdade é
que você precisa entender que me refiro aos anos 50 como passado assim
como ao dia de ontem. Eu jamais usaria a expressão “ultrapassado” para
descrever, ou mesmo xingar, qualquer coisa ou pessoa do mundo da moda ou
da arte… Isso seria tão patético, mal-educado e cafona! E essa
proximidade no tempo está presente também nas misturas entre as marcas:
quando as fotos 04 e 05 - Pierre Balmain e Dior, respectivamente -, por exemplo, podem ser confundidas com roupas de coleções recentes da alta costura Chanel - que também repete roupa e produção já feitas pela própria maison, nas fotos 01 e 02.
O que dizer, então, do “minimalismo” que está presente na coleção da
alta costura Dior nesta temporada? Como é fácil para o Raf Simons ter
acesso aos registros da marca, repetir a dose com um título de ficção
científica - foto 03 - e ser aplaudido. É preciso que tenhamos
uma visão realmente mais ampla da moda, para que os cenários nas salas
de desfiles, com suas luzes e músicas, não deslumbrem nossa capacidade
de entendimento, aceitação e surpresa diante da roupa. Será que isso nos
faz entender melhor a “angústia” de Yves Saint Laurent a cada coleção?
01 - Chanel 1994;
02 - Chanel 1964;
03 - Dior 1964;
04 - Pierre Balmain 1964;
05 - Dior 1964.
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