Jamill Barbosa Ferreira - @JAMILLISSIMO - Apesar
da pouca quantidade de clientes e do visual menos interessante nas
coleções atuais, a legítima alta costura continua pelo mesmo caminho de
beleza e elegância por causa do vintage e de suas clientes… Isso não é
resultado somente da criatividade do costureiro de uma marca, que não
tem como influenciar na elegância ou no prestígio social de uma mulher,
limitando-se à oferta de moda para o bem-vestir - que é a base para o
‘chique’ -, cumprindo regras protocolares para agradar à clientela, que
manda no pedaço, guarda bem suas obras de arte e, com porte adequado,
cada uma traz seu charme para os salões de qualquer tempo.
O mercado de luxo dobra-se à cliente, é isso mesmo, não impõe medida
de manequim nem comprimento de saia ou altura de cintura, o mercado de
luxo adapta a técnica e a tecnologia às necessidades da cliente – que paga muito bem por isso –, e também aos seus caprichos. Uma mulher muito magra, por exemplo, ganha curvas com um vestido mais ajustado à cintura – “acinturado”, como eu gosto de dizer –, ombros alinhados pela postura ou pelos tecidos; e volume no quadril [ver foto do vestido Christian Lacroix, de 1984]. Isso é técnica a favor da cliente e é isso que deve ser valorizado, consumido e incentivado na moda no geral.
As mulheres mais elegantes do mundo, com seus nomes nas listas de
clientes da alta costura, não copiam os figurinos completos da
passarela, especialmente na era teatral que comandou passarelas do meio
dos anos 90 até a derrubada de John Galliano da Dior – a menos que seja para um baile temático –,
cada uma tem seu próprio estilo, é individual, além das roupas, até os
penteados, maquiagens, etc. Elas adaptam a oferta de luxo ao próprio
estilo e tornam-se reconhecidas por isso. Mulheres como Carmen Mayrink
Veiga, Paloma Picasso, Jacqueline de Ribes e Bethy Lagardère, por
exemplo, são expressões de estilos reconhecíveis em qualquer lugar do
mundo; e, quanto mais citadas, mais as novas gerações terão noção do
ápice a que o luxo extremo pode chegar. Isso é inteligente e muito
chique. É pela qualidade que aprendemos e somente assim conseguiremos
entender os limites da beleza, do legítimo “glamour”, que tantos citam,
mas, poucos compreendem nesta realidade tão visual.
Portanto, seja qual for o tipo físico, a rotina ou necessidades de
usar determinada cor que não está na cartela dos desfiles da temporada, é
importante que a cliente tenha consciência de que a obrigação da moda é
a adequação, oferecendo harmonia entre seu vestir e o que é física e
psicologicamente, entre o que faz e o que pretende dizer. Quando a moda é
encarada pelo seu real papel para a humanidade, mesmo que para isso não
seja uma expressão artística e economicamente cara, o consumidor
conseguirá construir seu próprio estilo, uma identidade que, aliada ao
comportamento bem educado e civilizado, compõe os acordes da elegância,
indicando um estado de maturidade, beleza e presença essencial para o
bem-estar, auto-estima e satisfação.
Legenda da Ilustração:
Vestido atemporal da alta costura de Christian Lacroix, 1984,
divulgação, arquivo pessoal. A segunda fotografia [Arquivo Pessoal]
mostra Gisele Bündchen após o desfile de alta costura de 60 anos da
Dior, ainda vestida com a versão feita por John Galliano do “Tailleur
Bar”, dessa vez mais ajustado, preto, todo bordado. A maquiagem
exageradamente moderna, assim como sapatos muito altos e desconfortáveis
mostram que, apesar da produção, a base de oferta e bom gosto mantém a
linha da moda, que é chique, independente da idade da cliente. O
clássico é luxuoso, sobretudo quando é aliado aos detalhes técnicos que a
moda oferece para deixar a cliente mais bonita e mais confortável.
Óbvio que o material usado, desde os tecidos tecnológicos até os
bordados com pedras e metais preciosos, passam como simples detalhes
quando o que as clientes buscam é “apenas” – e não menos especial ou
menos caro por isso – satisfação visual e estilo.
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