Jamill Barbosa Ferreira
- @JAMILLISSIMO - Quando
aprofundamos o olhar nas loucuras da moda atual, vemos uma carência inocente
que continua trazendo o clássico como novidade. Seria diferente se direitos
autorais controlassem a modelagem de roupas... Talvez, as casas de moda estejam
menos interessadas nas muitas vendas de produtos como perfumes e acessórios,
que são alavancadas pelos caros, exagerados e teatrais desfiles de moda "conceitual",
que alimentam a fantasia das pessoas excluídas do grupo de consumidores de luxo,
mas, que conseguem comprar um batom, um cinto. Se for isso, as marcas estão interessadas no que está quase perdido e podem querer
recuperar o "glamour"... Ou, evitar que a alta costura acabe de vez... Misturar o clássico com tecidos tecnológicos - poliamida,
vidro e o que mais você puder pensar - é apenas uma maneira de atrair a atenção
das clientes dessa moda tão exclusiva, que, não se interessam mais pela alta moda de
hoje, preferindo abrir seus armários repletos de alta costura vintage. Vamos
deixar de lado o teatro das passarelas e as loucuras de um estilista que dá
preço exageradíssimo a um vestido e consegue puxar ao sanatório um grupo de
jornalistas que mais elogiam do que pensam. Não vale a pena. Vamos, então, testar
a realidade, confirmar os fatos com quem realmente os conhece e manter a linha,
já que a moda está tropeçando. Será mesmo que vale a pena encarar a completa realidade
do luxo na moda? Será que ainda compensa torrar uma grana num vestido sem ter mais
onde usá-lo? A questão é comportamental, é falta de etiqueta no mundo, não
somente o afoga e desafoga do luxo dentro dos interesses comerciais. A chique Susan Gutfreund, dona de uma gigante
coleção de vestidos de alta moda, disse que "não
há mais sentido usar alta costura numa época em que celebridades cruzam o
tapete vermelho de pijama". Assim como a fascinante Carmen Mayrink Veiga, Susan já cedeu
alguns de seus vestidos para exposições e leiloou dezenas deles para ajudar
campanhas beneficentes. Bethy Lagardère
também entrou na onda dos leilões e quase não é mais vista na platéia de
desfiles de alta moda. Que tal, então, ficar em cima do muro e observar os dois
lados da moda? Ah, eu não consigo... No desfile outono/inverno 1999 de alta
costura Dior, John Galliano mostrou uma passeata de manequins trajando roupas punk tão feias que, até hoje, é quase
preciso, com antecedência, servir Olcadil aos espectadores. Mas, daí, vieram modelos
luxuosos com um detalhe berrante: chapéus de pele inspirados nas caçadas na
Europa. Você parece estar vendo mulheres alienígenas, ou alienígenas fêmeas, ou
de aparência andrógina, etc., como preferir, desembarcando de naves espaciais, com
expressões esnobes e estatura capaz de fazer torrar 20 metros de crepe numa
saia. Nem todo mundo está disposto a fazer sacrifícios pela moda, o que a gente
quer é conforto e beleza. Peles vintage
são realmente um luxo, mas, nada além da maldade justificaria usar peles
verdadeiras na moda atual, portanto, sou completamente contra o uso de peles e
aconselho que qualquer pessoa pesquise, leia e ajude os projetos da PETA.
Estamos no futuro, as peles tecnológicas interessam mais e preservam os
animais. Em 1999 ainda não havia substituto à altura, então, o que se viu foi
um show de horrores. Chapéus que pareciam carcaças de estrada. Um faisão real inteiro
colado numa raposa, equilibrados na cabeça de uma modelo que quase pende na pose.
Uma coisa terrível! O que passa na cabeça dessa gente que se acha no direito de
destruir animais tão lindos?! Um homem, de óculos, na platéia, não esconde a
careta tentando ter certeza do que estava vendo. Então, John Galliano dava preços astronômicos aos trajes entupidos de
cadáveres. Se não vale pela beleza por completo, vale pela ostentação? As
mulheres da alta sociedade mundial não se interessam por outra coisa que não
seja conforto, beleza e qualidade. Quer dizer, não posso generalizar, Nan Kempner não se importava de usar
coisas terrivelmente desconfortáveis, ou melhor, "inconfortáveis" -
no vocabulário chique -, desde que estivesse fashion! Nos anos 90, a moda começou a sair do prumo, as plateias
nos desfiles são, na maioria, formadas por jornalistas. As clientes não se
interessam mais. Mas, em meio a isso, é divertido ver a Suzy Menkes, gordinha, sentada na primeira fila, apressada, com
expressão de enfado, pegando as bolsas antes do estilista agradecer aplausos
tão desnorteados quanto o atual vestuário de mundo.
Alta Costura - Eles Querem Agradar
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