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Fantástica produção de moda e o chique semblante vazio, Christian Dior 2016. |
Jamill Barbosa Ferreira - @JAMILLISSIMO - Eu
penso que o pecado e o luxo são feitos um para o outro. O diabo pode ser
realmente muito sedutor nesta Terra e muitos de nós estamos vendemos a alma a
cada gesto e palavra... Isso vai muito além de religião e não há outro caminho. Isso é muito incrível e também cruel!
Quando você vê uma imagem antiga - ou vintage, como preferir - de uma mulher usando pele de raposa e joias
gigantescas, talvez não imagina o sofrimento das raposas que foram
estraçalhadas ou das pobres e exploradas famílias, que penaram até a última gota
de suor, para que o diamante, reluzente, aparecesse num dedo bilionário. Nós estamos cada vez mais envolvidos nisso de valores, karma e tragédias, mesmo sabendo de todo
sofrimento que sempre há por trás dos holofotes, do brilho e da beleza.
Nós temos consciência da origem de tudo, temos consciência dos elementos que formam o luxo e continuam
nos assediando, construindo, redesenhando, mantendo e confrontando sonhos de
modo terrivelmente egoísta, frio e calculista. Mas, não há outro jeito de encarar a vida! A tendência de quem está
num topo, seja ele qual for, é cair! Isso é assustador e você precisa lembrar,
a cada manhã, que deve negociar, renegociar, barganhar sua alma por acordar ao
lado de um homem que representa sua segurança financeira, o emprego que ocupa
praticamente todo seu dia, os anos que estão passando, as tecnologias que você
não consegue acompanhar, a linda juventude no esplendor dos 18 anos, totalmente
sarados, sexy e na moda do funk ostentação, distante de tudo que envolve a sua realidade construída sobre um
caminho mecânico, que lhe garante mais dinheiro, que nunca é suficiente, menos vida e nenhuma alma...
As listas do que gostaríamos de ser, ter e fazer são intermináveis; mas,
preferimos o comodismo da alma bem vendida. Quando eu vejo uma pessoa sofredora
na rua, dessas que foram desumanizadas por pressão da vida, na realidade de humilhações,
pobreza e fome, tenho vontade de gritar "ei, você não precisa fazer nada,
você já está no céu". Faça uma lista... O que te dá vida? Quem te dá vida? Muita gente se
sente viva quando alimenta seu próprio abismo com vícios batidos em cachaça, cigarro e tantas outras coisas que, atualmente, devemos encarar como uma escolha consciente de como se quer morrer; outras pessoas se sentem vivas quando vão ao shopping-center e
compram uma infinidade de coisas inúteis, mas, há toda uma
sensação maravilhosa de poder de consumo, de independência e sedução financeira momentânea; tem gente que é viva quando vai ao massagista, ou passa duas horas no cabeleireiro, quando faz uma
longa e detalhada maquiagem para uma festa, durante um rápido processo de paquerar pessoas mais
jovens, quando é correspondido, outros encontram a vida fazendo sexo à três, quatro, cinco, etc., contratando um garoto de
programa... Tudo pode ser suave e tão pesado.
A lista de prazeres mundanos que alimentam a nossa alma é muito grande
e tudo se baseia em terríveis riscos e movimentos extremos. A maioria dos meus leitores
podem estar espantados, mas, é essencial saber enxergar a realidade. Às vezes,
você muito amigavelmente aperta a mão de alguém que, por dentro, está querendo te
levar para a cama. Às vezes, o seu amigo pode estar desejando sua garota, às vezes só é preciso manter a calma, o ladrão já correi e o
tiro pode ter sido de raspão, às vezes, o avião não caiu
e matou centenas de pessoas porque você decidiu cancelar seu bilhete... As neuroses
da vida! Os códigos da vida! Esse combustível para a sensação de estar vivo é quase tão sério quanto a cachaça diária de muita gente.
Quem você escolheu para te salvar do abismo? Pois
é, o relógio está correndo. Não adianta ser arara de roupas caras, maquiagem
perfeita, etc., se o semblante, apesar de chique, revela a completa
desumanização imposta pela moda, que é uma das consequências mais brutais da
vaidade, auto-estima e do dinheiro: a submissão.
Muitos desses perigosos e
desejados elementos, como jóias e roupas, possuem um tipo de feitiço, absorvendo
histórias, desempenhando curiosos e assombrosos efeitos decisivos nas vidas de
reis, rainhas e pessoas poderosas. Cuidado. Se baterem na sua porta, tenha o máximo de cautela, pois, o diabo não
virá feio e maltrapilha e, mesmo sabendo disso, você vai amá-lo.
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